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Ceia Pascal em Marcos

Ceia Pascal em Marcos

Textos

Estudaremos o tema da ceia. Os textos serão Mc 14,12-25; Mt 26,17-35; Lc 22,7-23.31-34. Na próxima aula abordaremos Jesus no horto: Mc 14,32-42; Mt 26,36-46; Lc 22,40-46. Veremos também a prisão de Jesus: Mc 14,43-53; Mt 26,47-56; Lc 22,47-53. Enfatizaremos mais Marcos porque ele é fonte. Sobre esses temas, vale a pena ler Os Relatos Evangélicos da Paixão, de MAGGIONI, Bruno – publicado pelas Paulinas.

Estudemos o tema da Ceia do Senhor em Mc 14,12-25; Mt 26,17-35; Lc 22,7-23.31-34. As narrativas não falam da negação de Pedro durante a ceia.

Análise:

Comum a Mc e Lc: narração de um homem com a bilha com água;

Em Mc e Mt a negação de Jesus é fora da casa;

Comum aos três: traição de Jesus; instituição da eucaristia; distribuição da eucaristia, pão e vinho;

Só em um evangelho:

Só em Lc a negação de Pedro é junto à mesa, com Jesus; também em Lc, foi inserido um discurso de Jesus sobre quem é maior.

 

Análise aprofundada

A narrativa da ultima ceia encontra-se num contexto da conspiração contra Jesus, feita pelas autoridades religiosas; Mateus e Marcos acrescentam a unção em Betânia; Depois da ceia, o grupo se dirige ao Horto das Oliveiras.

Marcos e Mateus seguem uma mesma estrutura. Lucas inverte-a. A preparação do Local da ceia já tinha sido definida por Jesus. Os discípulos só preparam a Páscoa. Marcos e Mateus mencionam um traidor durante a ceia. Lucas, coloca depois. Mateus cita Judas.

A Bênção e a partilha do pão mencionado pelos três evangelistas. Mt e Mc anunciam a traição de Pedro, no Monte das Oliveiras. Pedro protesta. Lucas insere a negação durante a ceia.

Lucas 22, 24-30 tem uma passagem exclusiva: Jesus discursa e diz que quem quiser ser o maior deve ser o menor. Promete o direito de participar do julgamento das doze tribos de Israel.

O que há em comum entre os evangelhos são o dia dos asmos, os discípulos vão à cidade, Jesus pede para preparar a ceia, põe-se à mesa, partilha e abençoa o pão, anuncia que os discípulos não beberão o fruto das oliveiras etc.

O que há em comum entre marcos e Mateus são as expressões: “ao cair da tarde”, um de voz me entregará, acaso sou eu, será aquele que colocará a mão no prato, o filho do homem vai, conforme está escrito a seu respeito... Abençoou, diz, após tomar pão e cálice, que são seu corpo e seu sangue, cantam hino etc.

O sentido

A Páscoa era uma refeição formal. Exigia uma preparação solene. Marcos e Lucas usam a expressão “quando se imolava a páscoa”. Perguntam a um homem onde está a sala para a ceia, a um homem que estava indo buscar água (normalmente as mulheres faziam essa função). Jesus, condenado à morte, não podia fazer a ceia muito pública. Na tradição judaica, o cordeiro era abatido pelo chefe de família, depois o sacerdote faz essa tarefa. Lembremos que Jerusalém, nessa época, estava cheia de gente. O homem carregando a bilha é uma senha de Jesus para que os discípulos encontrem a pessoa certa.

O ato da ceia, em si, não é original de Jesus. Ao partir o pão, os membros se tornam recipiente da bênção divina. A ceia era símbolo da amizade, compartilhada no momento da refeição. O amém comunitário é unem os membros à mesa. Beber de Jesus é ter parte na sua bênção. Judas põe à mão no prato: sinal de que vai trair o projeto de Jesus. Traiu a amizade, a comunhão.

A presença do traidor, indica que dentro da comunidade cristã há pessoas que não comunga do projeto divino. A mensagem, mais que personalista, é uma indicação. O amor de Deus, eis uma mensagem importante, expresso em Jesus, ultrapassa qualquer traição humano. A narrativa da traição é dramática. A prática de Jesus questionou toda a forma de pensar judaica. Ele fez da Palavra de Deus a sua palavra; é o verbo encarnado.

Homilia durante a ceia

O pai de família faz uma homilia, interpretando os símbolos. A de Jesus é diferente. Ele dá novo sentido. Isto é meu corpo, meu sangue... refere-se ao corpo como pessoa que se oferece, por inteiro. Faz uma revelação da aliança definitiva, selada com Deus. O pão se tornou Corpo e o vinho Sangue. Note-se que o corpo dele estava sendo preparado para a morte. O cálice, da aliança, a ser ratificado com o derramamento do sangue de Jesus.

Nas ceia, Jesus revela a trama armada. A refeição em comum representa uma forma íntima de amizade. Torna-se inimigo quem representa a violação da amizade. Os discípulos, ao saber de um traidor, sentem-se tristes, decepcionados. Jesus mostra as consequências das opções de cada um. A segunda parte da ceia narra a intimidade de Jesus com os discípulos, dando uma dupla bênção (pão e vinho). A refeição é para os discípulos. Lucas irá exprimir em Jesus o desejo ardente da ceia. Os discípulos não recebem ordem de passar o pão às multidões. Ao contrário, agora, os destinatários são os discípulos. Jesus promete o cálice (identificado com o batismo), que representa o sofrimento, o sangue derramado. É ele o centro da nova vida, sinal da nova e eterna aliança. Todos bem do cálice, mas, ironicamente, nem todos participam do sofrimento de Jesus.

Jesus não participa da festa da Páscoa no Templo. Seu sangue, derramado por muitos, indicam que os discípulos têm de aprender a dar a vida pelos outros. Se antes o templo era o lugar da purificação, agora, a verdadeira pureza vem da entrega de si. A libertação é tarefa que remente ao futuro. Na mesa da amizade Jesus convida os discípulos à solidariedade com sua prisão, morte e ressurreição. Lucas cita nomes de João e Pedro, como enviados por Jesus.

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Sival Soares, em 29 de abril de 2011 




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