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O Reino nos Sinóticos

O Reino nos Sinóticos

Reino de Deus

No Antigo Testamento, em Sb 10,10, vemos a única vez que aparece o termo Reino de Deus, embora noutros livros haja a noção de realeza. A cidade de Jerusalém era o lócus de Deus, sobretudo no templo. Havia também uma esperança messiânica segundo a qual Javé viria para salvar seu povo.

Em Mateus aparece 55 vezes em Mateus o termo Reino de Deus, 21 vezes em Marcos e 47 em Lucas. Mateus também usa o termo Reiuno dos Céus. Mateus e Lucas falam também de Evangelho do Reino.

Reino de Deus em Marcos

No capítulo 1, 14-15 já é anunciado o Reino, que chega com poder. O Reino realiza-se na tensão entre o já e o ainda não. É algo que existe e o que há de vir, a realizar-se a partir da contribuição humana em conjunto com a iniciativa divina. O Reino é um grande convite, uma proposta escatológica do já e do futuro.

O mistério do Reino é apresentado, inicialmente, aos 12 (Mc 4, 11). A parábola demarca a separação entre os que aderem à proposta do Reino e os que a recusam; em Mc 4, 26-32, com a parábola das sementes, temos a dinamicidade do Reino que requer a ação humana (semear) e da natureza (esperar a germinação e a produção). Há uma complementariedade entre a ação humana e a da natureza.

Para Mc, o Reino de Deus é das crianças (10, 13-16). Considere-se a simplicidade da criança, sua dependência e seu desapego. Por outro lado, o Reino não comporta apego, riquezas (10, 23-27).

A entrada do messias em Jerusalém demarca a expectativa do Reino (11, 9-10).

O Reino de Deus em Mateus

Mateus usa mais o termo Reino dos céus. Talvez seja pelo fato de o seu público alvo ser os judeus. Nesse evangelista temos uma estrutura que começa com o anúncio do Reino com Joao Batista (3,10), segue o tema da pertença ou quem faz ou não parte do Reino (5,3), inclui-se parábolas, ensinamentos, discursos etc.

Para Mateus, o Reino pertence aos pobres e aos perseguidos. Ele dá grande ênfase ao tema da pobreza e da justiça. Os milagres são sinais do Reino já presente: na ação curandeira de Jesus. A lógica do Reino é a dos pequenos e humildes. Pertence também a outros povos, numa perspectiva de universalidade. Pertence, no fundo, aos excluídos e marginalizados, como os publicanos e prostitutas (21,31).

O Reino em Mateus é uma realidade associada às curas (4,23; 9,35). As curas, já dissemos, são sinais do Reino. As parábolas, entre elas a do Joio e do Trigo (13, 24-30) apresenta o Reino como uma realidade dinâmica, em processo de acordo com a pedagogia e a paciência divina. Apresenta também o aspecto escatológico do Reino de Deus, sem descuidar do aspecto moral e prático (25, 31-46).

Reino de Deus em Lucas

Esse evangelista também apresenta uma estrutura. Mas ele não põe esse tema no início. Só aparece no capítulo quatro, após a cura. Lucas amplia também o horizonte geográfico do Reino. Seu anúncio pertence aos apóstolos e discípulos (9,60-62). O anúncio passou pela cruz e fortificou-se após a ressurreição.

A escatologia do Reino de Deus aparece, em especial, na parábola das minas (10,11-27). Nela há um forte apelo escatológico e Jesus é apresentado – indiretamente – como juiz. Mas, alerta Jesus, “não se pode dizer: ‘ei-lo aqui! Ei-lo ali!’, pois eis que o Reino de Deus está no meio de vós” (17,20-21).

Considerações

Há uma relação, como vimos, entre Jesus e o Reino. Inaugura-o com suas ações e palavras, com seu modo de proceder. Quem entende e acolhe o Reino acolhe o próprio Jesus. Apesar de compreensível, o Reino não se esgota em conceitos precisos e fechados. Só o exprimimos via metáforas e testemunhos. O Reino está em devir, não se acabou nem tampouco se estatiza. Sua marca é a dinâmica de potencialidade e de possibilidades. Por isso é já e ainda não presente. O Reino, no fundo, é uma espiritualidade, um clímax, um modo de pensar, crer e ser. É ético e estético. O Reino comporta decisões fundamentais de seguimento e de comportamento.

Para debate...

O que é o Reino? Como se manifesta? Quem anuncia? Quais as consequências? A quem pertence?

Inicialmente: o Reino é dom de Deus. Não o possuímos por completo. Só acolhemo-lo. É mistério, quer dizer, algo que vamos descobrindo aos poucos. Conhecemos e não o conhecemos... não há esgotamento no mistério. Por isso só se fala do mistério do Reino por imagens. O Reino é semente, fermento, banquete, festa, tesouro... O Reino se manifesta no aqui e no futuro. No aqui, temos as curas, os sinais, a modificação das vidas... No futuro, é a presença dos valores na eternidade. Quem anuncia o Reino somos todos, discípulos e seguidores de Jesus. A quem pertence... a toda a humanidade de boa vontade, especialmente, os homens e mulheres pobres, injustiçados, perseguidos, humilhados...

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Sival Soares, em 05 de maio de 2011




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