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A Pessoa de Jesus em Mc

A Pessoa de Jesus em Mc

Mistério de Jesus

O ministério de Jesus é marcado pela entrada messiânica, pelo confronto com as autoridades e pelo discurso escatológico. Ora, Jesus havia orientado seus discípulos sobre seu destino. Ele ensinava-lhes que o “Filho do Homem” iria morrer (cf. confissões de Pedro). Os discípulos, inicialmente, não o compreendem. Cristo também havia ensinado que aquele que quisesse o seguir deveria tomar sua cruz, ser o menor, deixar o casamento de lado e segui-lo. Jesus afirma que no casamento, deve haver uma nova relação: homem e mulher formam um só corpo, uma única carte. Enfatiza o nível de igualdade. Jesus também alerta sobre a riqueza. Exorta para não acumular. Os bens devem ser partilhados (dados aos pobres), precisam estar a serviço do bem comum. Marcos mostra que o discipulado não é somente decidir-se por Jesus, mas deixar-se transformar por Ele. Isso implica mudança de vida. Cristo também lembra que entre os discípulos não deve haver quem seja maior. O poder reside no serviço. Se as nações e os chefes oprimem, entre os seguidores do messias não deve ser assim. O que Jesus propõe é algo completamente novo. No capítulo 10 de Marcos (46-52), texto do cego Bartimeu. Não é por acaso que esse texto foi colocado no final desse bloco. Contextualmente, Jesus está a caminho de Jericó, indo para Jerusalém. O cego está à beira do caminho, marginalizado (os discípulos tinham sido cegos no caminho, por não compreenderem o projeto). Ele grita para que o “filho de David” tenha compaixão dele. O grito é expressão de uma confiança. Mas o povo reprime: manda que se cale (Pedro também tinha reprimido Jesus). Em meio ao grito, Jesus o chama e pergunta o que deseja. O cego deseja ver. A fé dele cura e salva! O cego começa ver e passa a seguir Jesus (para Jerusalém). Essa narrativa completa o primeiro chamado que Jesus fez aos discípulos. Do mesmo modo que o cego crer e depois passa a ver, os discípulos chamados primeiro creem, depois experimentam o seguimento e vivenciam o projeto de Deus. O que caracteriza o verdadeiro discípulo é o chamado, a fé, a visão, a salvação e o seguimento. O cego se encaixa nesse rol de “parâmetro” dos discípulos.

Vejamos agora o ministério de Jesus em Jerusalém

Vale confrontar os dois ministérios, o da Galileia e o de Jerusalém. No primeiro lugar encontramos muitos milagres, a presença de multidões (com diferentes necessidades). Jesus sente compaixão. O Reino de Deus se manifesta nesta compaixão de Jesus que deseja salvar toda essa multidão. Em Jerusalém encontramos muitos confrontos de Jesus com as autoridades. Ele provoca conflito. A multidão aparece como espectadora.

Jesus entra (cf. Mc 11,1s) em Jerusalém num tom provocante. Isso suscita, da parte de Jesus, um discurso escatológico (cf. Mc 13). Jesus entra entrando no burrinho. Ele está perto do monte das oliveiras (lugar associado á batalha final de Jerusalém contra os inimigos). A procissão lembra a entrada militar do líder do Macabeus (cf. 1Mc 13,51). Mas o messias que vem de Sião é manso, monta sobre um jumento (cf. Zc 9,9s). O jumento representa uma traição antimilitar. O cavalo é símbolo da guerra; o jumento, lembra trabalho, esforço, paz. O tom é antimilitar. O povo grita com Jesus: Hosana (salva-nos, agora!), com ramos. A frase é do salmo 118, 15 e quase sempre era usado liturgicamente. A procissão é parte inicial da política messiânica. Jesus simplesmente entra no Templo, olha e resolve ir para Betânia (cf. Mc 11,11). No dia seguinte, Jesus teve fome, encontrou folhas... e amaldiçoou o figo. O gesto é proposital. Jesus amaldiçoa, não a figueira, mas o Templo e o Culto. Ambos eram símbolo de paz, segurança e prosperidade – coisas que o Templo e o Culto não faziam. Quem dominava o Templo era o Império. O figo bom era símbolo do homem divino ou do povo justo de Deus. Ao amaldiçoar a figueira, Jesus subverte a ordem social vigente. Critica e amaldiçoa o Templo. Faz uma crítica econômica deste lugar (cf. Mc, 11,15) e expulsa os vendilhões do Templo. O povo se admira do ensinamento de Jesus: a prática de puxar o chicote e expulsar os ladrões do covil. Jesus ataca as instituições do Templo porque elas exploram os podres. Trata-se de uma releitura de Os 9,15 onde o profeta dirige críticas à economia. O Templo de Jerusalém era um centro econômico. O comércio era controlado pelo Templo. A pós o episódio do Templo, as autoridade tramam uma forma de mata-lo e a multidão fica maravilhada.

Desafios

Jerusalém era a cidade cosmopolita. Os cambistas representavam o Banco (templo), símbolos adequados das instituições financeiras. No Templo só entravam moeda pura; por isso eram cambistas. Vendiam e trocavam em nome da pureza. As pombas eram usadas para purificação das mulheres (Lv, 12,6), dos leprosos e para outras finalidades. Um par de pombas eram vendidas por dois denários de outro, igual a 25 denários de pratas. O preço era alto.

No evangelho de Marcos, vemos Jesus querer por fim a todo o sistema, que representava os mecanismos concretos de opressão: ele explorava o pobre e o impuro.

A narrativa seguinte trata da montanha removida (cf. Mc 11,23)

Jesus procura convencer seus discípulos sobre o fato de a ordem social baseada no templo ser modificada; que é preciso reconstruir a vida simbólica separadamente dela. Ao falar de montanha, Jesus faz referência ao Templo. Ela não devia ser elevada, mas arrasada. A fé deve ser vivida, não mais sob a ótica do Templo, mas pela dinâmica da fé, oração e perdão. A fé no Reino, em Jesus, na Palavra Dele; a oração com pedido, reza a Deus; mas com atitude de perdão. Na verdade, trata-se de uma proposta do período após a destruição do Templo. Todo gesto de Jesus em Jerusalém foi totalmente profético.

Em seguida, temos o questionamento da autoridade de Jesus (cf. Mc 11, 27-33)

Jesus reentra no Templo e é desafiado pelas autoridades do Sinédrio: sumo sacerdotes, escribas e anciãos. O Sinédrio se sentia a autoridade competente do judaísmo. Era uma entidade política, encarregada pelas finanças. Também servia de corte jurídica. Os chefes não queriam comprometer-se publicamente com Jesus e ignoram seus questionamentos. Jesus, após ter feito o esparramo no Templo, faz a autoridade sentir medo do povo. Depois volta ao Templo e é questionado sobre sua autoridade. Mas Jesus questiona os chefes do Sinédrio. Eles não queriam reconhecer a autoridade do messias. Ora, era evidente: no judaísmo do tempo de Jesus, a autoridade passava pelo Templo, pelos sacerdotes. Ocorre que a autoridade de Jesus vinha de Deus. O profeta era quem tinha autoridade proveniente de Deus.

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Sival Soares, em 29 de abril de 2011 




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